em setembro 11, 2025
A literatura é uma das formas mais poderosas de registrar, transmitir e transformar culturas. No caso dos povos indígenas de Santo Antônio do Içá, no Amazonas, o Festival Literário dos Povos da Floresta Içaense se apresenta não apenas como um evento cultural, mas como um espaço de resistência, educação e fortalecimento da identidade. A iniciativa evidencia que a literatura indígena não é um objeto isolado, mas um instrumento de preservação histórica, reflexão social e construção de futuro.
O festival propõe cinco oficinas literárias de seis horas, voltadas à criação literária e à valorização das tradições orais, estimulando 100 participantes a desenvolver narrativas inspiradas na memória, nas histórias e nos saberes ancestrais de suas comunidades. Além disso, serão promovidas três palestras e dois sarais, reunindo escritores e especialistas que abordam temas como identidade cultural, etnoempreendedorismo e literatura indígena. Com 200 participantes, incluindo acessibilidade por intérprete de Libras, o festival garante que a experiência seja inclusiva e aberta a toda a comunidade.
A iniciativa busca também formar 20 novos escritores locais, estimulando a produção de contos, poemas e narrativas que dialogam com a ancestralidade e com o contexto contemporâneo. Essa meta reforça o impacto social do projeto: além de criar oportunidades literárias, fortalece o protagonismo cultural e garante que as vozes indígenas sejam ouvidas e valorizadas. A produção de 300 materiais pedagógicos e audiovisuais amplia o alcance das oficinas e consolida um legado que poderá ser utilizado em escolas, coletivos culturais e projetos educativos futuros.
O festival se inspira na trajetória de grandes autores indígenas que transformaram a literatura brasileira. Ailton Krenak, filósofo e ambientalista, conecta a cultura indígena à reflexão crítica sobre a sociedade e o meio ambiente; Daniel Munduruku conquistou espaço na literatura infantil, aproximando crianças de histórias ancestrais; enquanto autores como Davi Kopenawa Yanomami, Julie Dorrico, Kaká Werá Jekupé, Yaguarê Yamã e Aline Pachamama ampliam as vozes indígenas, unindo tradição oral, escrita e representação gráfica em obras reconhecidas nacionalmente.
Argumenta-se, portanto, que o Festival Literário dos Povos da Floresta Içaense não é apenas um evento cultural, mas um mecanismo de preservação e divulgação de saberes indígenas, de estímulo à leitura e escrita e de fortalecimento da cidadania. Ao dar espaço para a criação literária e ao valorizar narrativas ancestrais, o festival cumpre papel educacional, social e simbólico: mostra que a literatura pode ser uma ponte entre passado e presente, entre comunidades indígenas e a sociedade em geral, e que cada história contada é também um ato de resistência cultural.
Financiado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e operacionalizado pelo Governo do Amazonas através da SECULT-AM, o projeto demonstra como políticas públicas bem direcionadas podem fomentar a cultura indígena e transformar vidas, oferecendo oportunidades de expressão, aprendizado e protagonismo literário. Assim, o festival não apenas preserva saberes ancestrais, mas os projeta para o futuro, fortalecendo a literatura indígena como um pilar da diversidade cultural brasileira.
O Instituto Marapara Raízes Ancestrais nasce do compromisso com os povos indígenas, valorizando suas tradições e impulsionando o etnodesenvolvimento sustentável. Juntos, fortalecemos identidades e construímos caminhos de resistência e prosperidade.